Bagnante de Fiumi Urbani
(Banhista de Rios Urbanos)
na Bienalle di Venezia 2024
(se)cura humana
São Paulo, Brasil. Fundado por Flavio Barollo e Wellington Tibério
A prática multidisciplinar do coletivo (se)cura humana abrange performances, intervenções urbanas e ações audiovisuais, todas orientadas para o ativismo socioambiental e a crítica ao modelo de exploração dos recursos naturais.
“Banhista de Rios Urbanos” é uma intervenção performática que surge a partir de mergulhos reais em rios contaminados de São Paulo, como o Tietê, o Anhanguera e o Guatá Porã (em Osasco), onde o coletivo atua para evidenciar a violência ambiental que atinge o cotidiano das populações urbanas.
Ela se conecta com o tema da Bienal de Veneza 2024, “Estrangeiros em todas as partes”. Vestido com um macacão de saneamento e uma máscara de mergulho — peças que contrastam ironicamente com a ideia de trajes de banho — o banhista é um corpo deslocado no tempo, carregando as marcas do colonialismo e do extrativismo capitalista, que historicamente transformaram os rios do Sul Global em zonas de exploração ambiental, enquanto nos projeta simultaneamente em um presente-futuro de urgência climática.
Essa intervenção buscou estabelecer uma ponte com a obra “Aguacero”, de Daniel Otero Torres, que aborda a luta dos Emberá pelo acesso à água potável na Colômbia, ao longo do rio Atrato. Ambos os trabalhos exploram os impactos da exploração extrativista e do abandono ambiental sobre as comunidades latino-americanas. Assim como “Aguacero” utiliza uma estrutura de palafita para captar a água em uma região rica em precipitações, o "Banhista de Rios Urbanos” dialoga com um futuro “distópico” (?), questionam a naturalização do uso dos rios como destinos para esgoto e rejeitos industriais.
Através desta narrativa, o (se)cura humana denuncia a privatização da água e a financeirização da natureza, conectando a poluição dos rios paulistas à crise climática global, que ameaça lugares inclusive como Veneza, onde a elevação do nível do mar coloca em risco o patrimônio histórico e cultural. Ao adentrar como “estrangeiro” na Bienal de Veneza, o coletivo cria uma conexão entre as águas turvas dos países explorados e a vulnerabilidade de um centro histórico europeu, agora ameaçado pela elevação do nível do mar e pelo risco de inundações impulsionadas pelo aquecimento global. Essa presença revela a universalidade dos impactos ambientais que transcendem fronteiras e expõe o peso da colonialidade que ainda pesa sobre essas relações.
Banhista de Rios Urbanos, 2024
Performance e intervenção urbana. Técnica mista: macacão de saneamento, máscara de isolamento, trajeto performático em espaços urbanos e expositivos.
Com Flavio Barollo, Odacy Oliveira e Wellington Tibério.